No início do ano fui convidada para trabalhar com a classe de aceleração das séries finais (ASF). Confesso que fiquei apreensiva, pois não sabia o que iria encontrar, mas como sempre gosto de desafios, topei.
Essa turma era formada por alunos que estavam fora de faixa etária, que tinham um histórico de reprovação, e portanto, estavam desmotivados, com baixa alto-estima, e pior ainda, rotulados como a turma dos reprovados. Meu desafio? Torná-los os melhores da escola. Isso é que é desafio!
No começo percebi que muitos não gostavam de ler, tinham dificuldades em interpretação de texto, não se concentravam e, portanto, escreviam muito ruim. Foi que iniciei um trabalho de alto estima e valorização, e aos poucos fui mostrando que eles eram capazes de aprender tudo que quizessem, bastava querer.
Nesta fase do meu trabalho pude perceber que muitos alunos encontravam bloqueios na aprendizagem que foram criados durante a fase de alfabetização, e que por algum motivo nenhum professor percebeu.
Meu próximo passo? Levá-los a ler. No começo não foi muito fácil, pois muitos eram avessos a leitura. Começamos lendo o livro a Moreninha, proposto pelo próprio projeto, a minha surpresa foi que muitos amaram, mesmo com toda linguagem rebuscada que Joaquim Manoel de Macedo utiliza no livro. Fazíamos a leitura em sala e discutíamos sobre o assunto dos capítulos, procurando o significado das palavras, com isso eles passaram a utilizar palavras novas em seus diálogos.
Depois do livro a Moreninha, eles leram O Príncipe Feliz, 40 Contribuições Pessoais para sustentabilidade do escritor Genebaldo Freire Dias. Enfim foram em média 4 livros, para muita gente pode parecer pouco, mas para alunos que não liam e não gostavam de ler, isto é grandioso.
Ao final desse ano eu aprendi, juntamente com meus alunos, que todos são capazes de superara seus limites, que nada é impossível quando existe o querer, que podemos ser vencedores, basta sermos determinados e seguir nossa caminhada da aprendizagem olhando sempre para o nosso alvo. Pude vê o resultado do meu trabalho, quando um aluno comenta um livro que leu e gostou, isso é o mais gratificante. Vê que antes esses alunos viviam na direção por indisciplina e que agora são chamados para auxiliar outros professores e a direção nas atividades. Talvez eu não tenha conseguido fazê-los os melhores da escola, mas para mim eles são os melhores.
